terça-feira, 10 de outubro de 2017


Seja seu melhor amigo

  



Leticia foi convidada para ser madrinha de casamento da amiga Débora. Queria caprichar no visual e foi às compras. Entrou na sua loja predileta, experimentou diversos vestidos e implicou com todos! Seguiu sua busca em outras lojas. Perdeu as contas de quantos “milhões” de vestidos experimentou. Desiludida e cansada chegou em casa e, aos prantos, telefonou para sua amiga. Débora ouviu seu lamento e disse: Não é pra menos! Você não vê que está enorme de gorda?  Como é que algum vestido pode ficar bem em você? E todas aquelas pizzas e feijoadas que você comeu nos últimos meses? Agora ainda fica choramingando? Francamente! Do jeito que você está não vai ter vestido que fique bem em você!.

Imagino que a essa altura você esteja odiando a Débora! Que esteja achando-a uma das pessoas mais cruéis e insensíveis que você já viu. Que esteja classificando o comportamento dela como devastador e improdutivo, que em nada ajudaria Leticia a se sentir minimamente melhor. Ao contrário, faria com que ela se odiasse ainda mais.

Provavelmente você deve estar se perguntando que tipo de amiga é essa. Que jamais a teria como amiga. Que a queria bem longe de você. Mas o mais chocante é que a Débora não é a Débora. Na verdade, quem disse tudo aquilo para a Leticia foi ela mesma. Quem humilhou, culpou, aniquilou com a Leticia foi ela mesma. E o pior vem agora: isso que Leticia fez consigo mesma, tenho certeza que você também já fez com você. Já foi muito cruel e se detonou quando mais precisava se reerguer. Fazemos muito isso. Mas não deveríamos. Se tal comportamento já nos choca vindo de outra pessoa, imagine vindo de nós mesmos? De alguém com quem, por razões óbvias, não temos como romper, deixar de ver ou evitar conviver. Por isso atente sempre para a maneira como você se trata.

Quando nossa autoestima cai, desabamos para a vida. Nossa relação com nós mesmos e com todos à nossa volta fica imensamente abalada. Autoestima baixa é quando nos vemos muito distantes daquilo que gostaríamos de ser. E nos punirmos por isso não vai, de forma alguma, melhorar as coisas. Se você permite que você mesmo se trate dessa forma, por que não admitiria que outras pessoas façam o mesmo?

Perder o amor próprio abre portas para que quando alguém nos deprecie ou destrate, aceitemos sem contestação. A fala ou gesto do outro funcionará como um eco daquilo que já tínhamos pensado sobre nós mesmos. Conscientemente, ou não, nos diremos: não disse que sou uma pessoa desprezível, ou ruim, ou gorda, ou feia, ou burra..?.

Observe agora como você age com um amigo que lhe procura para desabafar dizendo estar se sentindo um lixo. O que você normalmente faz? Provavelmente o acolhe, o trata com gentileza, com carinho e procura palavras que o conforte e o demova da ideia que está fazendo com que ele esteja se sentindo mal. E se alguém humilha ou ofende alguém que você ama? Imagino que o defenda com veemência. Portanto, aja com você como você agiria com seu amigo. Seja gentil com você. Procure ser cada vez mais uma pessoa melhor, mas durante todo o processo de crescimento seja mais condescendente com você. Isso trará muito mais força para encarar os desafios que a vida apresenta. Cuide-se mais. Depender de outras pessoas para que nos sintamos bem, para que nos sintamos melhores, é muito perigoso. Conte com você. Perdoe-se mais! Ame-se mais! Respeite-se mais! Seja seu melhor amigo.

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Andréa Fanzeres Cordoniz
Psicóloga, Escritora, Consultora de Recursos Humanos, Instrutora de Treinamentos Empresariais e Palestrante.
Psychologist, Writer, Consultant for Human Resources, Trainer for Business Training and Speaker.